Uma carioca no verão inglês – Colaboração de Laíza Pires

Por Elis Vasconcelos |
 31 de outubro de 2013

Inauguramos hoje um espaço para colaboradores especiais contarem suas experiências e impressões. Quem estreia esta seção é a (minha linda e talentosas ex-aluna) Laíza Pires, que acabou de voltar de uma temporada em Londres e nos conta um pouco do que viu por lá. Se prepare para uma viagem imaginária!

Sempre ouvi minha mãe dizer que não gostava de Londres porque o céu é cinza, o astral é triste e a cidade é fria. Acho que ela não gostava de lá pois ela e meu pai me levaram quando eu tinha um ano; era pequena, frágil e fiquei gravemente doente. Eu não lembro, então nunca tive porque não gostar de lá.

Quase 25 anos depois surgiu uma imensa vontade de (re) conhecer esse lugar que todos diziam ser “a cidade mais cool, ever!”, ao contrário do que minha mãe achava. Larguei um bacharelado e uma pós em design de interiores no passado e fui atrás do meu sonho, que sempre foi moda.

Chegando lá, ainda no inverno, o céu era mesmo cinza e a cidade era mesmo fria, mas o astral era alegre, colorido e surpreendente. O tempo passou e chegou a hora de ir embora, mas com uma vontade maior que eu de voltar.

Eis que a vida me deu a chance de voltar 6 meses depois e eu fui, esperando aquele meu querido céu cinza. Londres quis fazer uma graça e me recebeu com um estonteante céu azul e um delicioso clima carioca.

Conheci ali uma Londres que só se conhece com muita sorte, nos poucos dias em que o sol decide mostrar àquelas peles branquinhas como é viver no Rio de Janeiro.

Andando pela cidade, nos meus pontos preferidos, fui observando como o entorno realmente influencia quem frequenta cada espaço.

O que se tornou meu afazer preferido em Londres foi sentar na Patisserie Valerie, num shoppingzinho à céu aberto chamado Duke of York e fotografar ou simplesmente observar as pessoas passando. Ali perto está a Sloane Street, uma das ruas mais sofisticadas de Londres, que abriga lojas da Chanel, Dior, Cartier e afins. Ali também fica a Saatchi Gallery, galeria de arte contemporânea queridinha dos open mindeds.

O que vi passar por ali foi a nata da sociedade: pessoas esclarecidas, clássicas, mas com um certo diferencial. Geralmente são combinadinhas, carregam suas bolsas de grife e nos sapatos lindíssimos transmitem sua personalidade. É como se eles fossem seu toque especial.

DOY 3

Dali movi meu observatório para Covent Garden, um simpático bairro muito visitado por turistas – e por ingleses natos também. Ali há um mercado em que visão, olfato e paladar são extremamente usados. São lindas barraquinhas exibindo desde artesanato até especiarias e cupcakes delicadamente confeitados. No entorno há uma enorme e super tecnológica loja da Apple, contrastando com o aconchego de uma fofíssima papelaria. Esse contraste pode ser notado na forma das pessoas se vestirem: encontrei desde moderninhos, mulheres árabes sofisticadíssimas e até amantes dos anos 50.

CG 1

Bem pertinho de Covent Garden fica a Somerset House, casa da London Fashion Week. Não pude perder a oportunidade de ir até lá e ver o que eu encontraria. Chegando lá fiquei encantada com o que vi: um grande pátio com um enorme chafariz aberto que se espalhava por todo o centro. Ali crianças e adultos se divertiam ao se refrescar nos jatos de água enquantofashionistas e estilosos passavam rumo às galerias de arte instaladas no entorno.

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Em um outro canto da cidade fica um mercado chamado Old Spitafields Market, onde é possível encontrar praticamente qualquer coisa que uma pessoa comum precisa – e também o que ela nem imaginava “precisar”. Gastronomia, moda e principalmente arte se encontram ali. São inúmeras barraquinhas de artesanato, quadros, fotografias e roupas misturadas às de yakisobas, doces e frituras.

Colado ao mercado está Brick Lane, o bairro mais artístico que já vi na vida. É praticamente uma galeria à céu aberto, com inúmeras obras de arte urbanas lavando os muros da vizinhança. A palavra de ordem em ambos os lugares é experimentar e a regra é transbordar arte, da forma que você puder, seja na roupa, no cabelo, na pele… O grande barato é misturar e ver no que vai dar.

OS BL 1

Não satisfeita em estar em um lugar que eu poderia encontrar quase tudo, fui para o bairro em que com certeza é possível achar qualquer coisa que você imaginar. De trajes futuristas à máscara de gás, em Camden Town não há nada que não se possa encontrar. Reduto dos punks e góticos e bairro queridinho de Amy Winehouse, os estilos ali vistos são os mais diversos possíveis, atraindo turistas tanto pela curiosidade quanto pelo paladar – dezenas de barracas com os mais variados cardápios e comidas típicas de todos os lugares disputam espaço dentro e fora do mercado que um dia foi um estábulo e hoje se chama Stables Market. A arte punk se espalha pelas ruas, onde esculturas gigantes enfeitam as fachadas das lojas, dando ênfase ao tipo de produto que cada uma vende.

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Aquele céu de Londres, seja cinza ou azul, derrama uma espécie de feitiço e quem respira desse ar não é mais o mesmo. Ele penetra nos pulmões em forma de arte, vontade de criar, de conhecer o novo, de observar e experimentar. E pra onde quer que vá esse aura irá junto, pois ela é agora o ar que você respira. Mas passe o tempo que passar sempre ficará aquela vontade de voltar e reabastecer os pulmões.

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